quarta-feira, 28 de março de 2007


A maior viagem de todas (Suíte)

I

O assassino?
No fogo.
Gravidade com inconsciência,
Instinto dos olhos do inseto.
Atração mórbida, zona de satisfação pessoal,
Céu do asfalto quente.
Atento, ele devora o sol negro
E criava, no silêncio, um teatro psicótico.

Tudo é vazio e escoa.
A pele doce não distingue as partes do corpo.
O som ecoando dentro do teatro,
Atração mórbida,
Vozes no escuro
É o medo e a violência que começam a dominar.

Dentro do sonho, há como dormir fora do corpo
Como um fantasma, livre do espaço e do tempo,
Livre para devorar o verão macabro.

1-1-99 20:49

II

Barcos quentes no selvagem mundo,
Cidade lua,
Donos da zona de perigo.
Estão sendo consumidos.
Descansando e mergulhando em perda,
Procurando uma mistura na água
Algo que os torne um ator: amante!
O pássaro e o inseto voam na sala...
Nada passou pela janela
Porque aqui não há janelas.
Bandidos fecharam-nas,
Elefantes dançarinos
Burros, mas não perdidos.
Não entram no teu charme.
A sala continua a mesma,
Como o vocabulário do amante.
E na lâmpada verde,
O pássaro e o inseto continuam...

20:57

III

Homens gentis são rostos pequenos,
Formigas triturando a folha,
E cristo?
São os filhos, os pais e os fantasmas.
A enfermeira atravessa a parede.
E seus dois olhos vivos, olhos tristes,
Mudam e crescem, multiplicando
Um pequeno round na luta.
Tentou drenar e esconder desejos, conseguiu.
No estado do paciente,
Em sua própria prisão.
Glorificou as nossas divisões
E ampliou a visão.
Um espaço de horror vazio,
Propagando esta alegria
Em lugares privados.

21:05

IV

No silêncio o homem sombra acorda.
Uma sensação de pânico,
Evoca a liberdade das drogas, sonhos, danças...
Corremos com o homem-sombra no silêncio,
Mudando a voz, movimentos compulsivos.
Nós agimos como um louco,
Um profissional na histeria
Roubando a precisão da mente
Psicóticos modos onde nos refugiamos.

Precisamos meditar sobre o homem e o mundo espiritual
Pois a viagem mental formou uma cruz
Que fere a religiosidade da tribo.

V

Dois leões no trono da praia
O universo de joelhos no altar
Curiosos olhos na nossa chuva
A posição da decadência
No espelho da consciência humana.
Espelho do povo e de tudo.
Passivo a qualquer visita
À retaliação e interesse.
A porta dá passagem ao outro lado
A alma livre em sua própria estrada
Através do espelho no morro
Na casa da nova morte!
2-1-99 17:50

VI

Pele de serpente do deserto
Olhos indianos
Cabelos brilhantes,
Ele se move nos distúrbios
Um inseto suave,
No ar...

Queda d’água
Deuses estranhos com pose de inimigos rápidos
Suas roupas são leves túnicas
Os cabelos e a cabeça são um conjunto
Grandes braços como armas
Conservando o sangue azul nas veias
Canção de boas vindas
Os olhos indianos suaves
Estes suaves sentidos de inseto-Deus
Novo medo, o medo ressurgindo
O cheiro de sexo de novo na pele
O vento com folhas faz todos os sons
Dentro da cidade, o Deus faz sua ronda.

4-1-99 14:02

VII

O sacrifício começará!
O inseto-Deus com olhos de naja,
Traz para nós a nova escritura
Ele não anda, flutua sobre a túnica
Como se tocar o chão fosse pecado dos mortais
Um pequeno gafanhoto
Eterno em sua sabedoria
A tribo reunida para presenciar
O ritual de dança, fogo e ilusões.
No pátio central um Xamã
Curando a alma com drogas,
Que o fazem ver Deus
E isso acaba com a supremacia do inseto,
Mas ainda é ele
Quem comanda o ritual.

11-1-99 09:41

VIII

Nós todos vivemos na cidade
A cidade possui uma máfia psicológica
Mas é inevitável não seguir o ciclo
Um jogo,
Um ringue da morte com sexo no centro
Brigas de gangues nos subúrbios
O sofisticado mundo na parte alta da cidade
Com crianças prostituídas.
Mas o grande ringue é imediatamente cercado
Pois a luz do dia destrói o que existe de real
Vida de corvo nesse mundo
Uma só estrada da vida, vida noturna,
Irmãos em jogos da morte que nunca morrem
De estradas à estradas pela noite toda
Na terra do novo desespero.

09:49

IX

A dança prossegue na cidade
Alegria, sórdida ilusão
Algo irracional que nos leva
Como uma máquina que comprime o cérebro.
Expansão mental com aniquilação
De todos os sentidos
A viagem é realmente boa
Porém o destino é sombrio.
A sua volta, o Xamã reza a última prece
Antes de mergulhar no abismo do medo
Sou metal, somos todos algum elemento
Que compõem a máquina compressora
Somos todos uma pílula de anfetamina
Ingeridas no início da noite.
A dança acaba,
Mas algo misterioso e sagrado ainda paira no ar
Pois o Xamã ainda não voltou de sua viagem
Com a resposta primordial!

26-01-99


Lean Valente

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